05 abril 2009

O retrato sem cor

O Alentejo foi a primeira região do País a atingir os dois dígitos ao nível da taxa de desempregados. O que é agravado pela eterna falta de alternativas em termos de emprego local. E é difícil avaliar o que é mais dramático. Se a vida de quem trabalhou desde os dez anos, sem direito a férias e que agora se vê na iminência de pedir apoio social. Se a de casais jovens, que já tiveram bons rendimentos e que agora vão buscar às escondidas refeições à Cáritas. (...) Vidas que retratam o Alentejo, região do País (...) onde 43,7% dos trabalhadores por conta de outrem (268 mil ) recebem entre 310 e 600 por euros/mês. (...) O pior é que são poucas as alternativas em Beja, não há fábricas, os empregos públicos estão bloqueados e o comércio fecha as portas. O distrito tem 8699 desempregados, dos quais 5066 são mulheres. O casal faz-nos uma visita guiada pelo centro da cidade. É desolador! Logo na Praça da República fecharam o Central Restaurante HenriBar, a drogaria Castilho e uma loja de roupa de criança. Avança-se pelas artérias do centro histórico e a lista não pára de aumentar: mercearias, restaurantes, lojas de decoração e de electrodomésticos, pronto-a-vestir, sapatarias, papelarias, chapelarias e até marcas internacionais, como a Brooklin's e a Alain Manoukian. Estão todos a fechar as portas , abre um ou outro espaço, mas ainda são as ditas lojas de chineses a demonstrar alguma actividade. (...) A Cáritas de Beja apoiou 4616 pessoas em 2008, mais 32% que no ano anterior e a tendência é para aumentar. Fazem apoio domiciliário a 70 famílias e não podem ultrapassar este número. Já em relação à distribuição de refeições tiveram que duplicar, de 20 para 40. (...) "Este distrito tem um índice de desemprego bastante alto. Não temos indústria e o problema de encerrar uma fábrica e ficarem todos no desemprego. Temos comerciantes, pequenas empresa familiares que têm fechado. São pessoas sem possibilidade de aceder ao subsídio de desemprego ou a outros apoios do Estado. É preocupante", explica Teresa Chaves. (...) Na despedida, percebe-se melhor o silêncio dos residentes no Alentejo. Sobretudo, quando correm o risco de perder o emprego. Também dizem que "as cunhas" têm muita importância e que se pode pagar caro uma denúncia. E não se pode esquecer o pedido de Fábio. "Mandem-nos o jornal. Não o podemos comprar!"

1 comentário:

Ricardo Cataluna disse...

Espero que na autarquia leiam o DN.