Ali ó pé do girassoli aporrinhada ca vida deu-me pra prantar aqui umas cousas... Adepois saiu-me isto!
10 novembro 2010
Programa de fim de semana
3 comentários:
Luís Figueira
disse...
MEMÓRIAS DE UM "RAFÊROTE"
Chamo-me Bengi tenho 5 meses e tive a sorte de nascer na Quinta do dono dos meus pais, que agora também é meu dono ou seja é o pai do meu dono, pois quem diz que eu sou dele é o João, o filho do dono da minha mãe. Tive eu sorte e todos os meus manos pois lá não se liga a essas coisas de “pedigree”, “LOP”, “registo” e essas mariquices, lá querem-nos para sermos felizes e para irmos todos à caça. Aos coelhos, às lebres, às perdizes, para corrermos livremente pelo campo caçando com o pai do João e qualquer dia com o João ou simplesmente para lhes fazermos companhia e “desenferrujar” as patas nas nossas correrias lá pela quinta.
Eu não me apercebi muito bem, pois ainda não era nascido, mas já me contaram, parece que foi uma confusão dos diabos o namoro da minha mãe com o meu pai, parece que não era muito bem visto. A mamã é de uma classe superior, chamam-lhes “cães de parar” e o papá é assim a modos que um “cão de levante”, sem a distinção da mamã. E aqui é que estava o problema se o amor já era mal visto, imaginem a gravidez…uma pouca-vergonha, acreditem e houve quem aí para Junho tivesse pedido a nossa cabeça…num cepo, a minha e a dos meus manos. Valeu o meu dono o João e o pai dele que nunca fizeram e nem fazem isso a cão nenhum seja qual for a sua raça ou mistura. Lá no canil toda a gente é de raça é a mãe a Náná que é Braco Alemão, é o pai o Caidé, que é Podengo Português de Pêlo Liso, é o tio o Benfica que é Podengo Português de Pêlo Cerdoso, é a tia a Princesa que é uma Setter Inglesa, é um pouco snobe mas quando sai parte a corda, mas ninguém tem cá essas coisas de L.O.P., temos as vacinas e o B.I. e “prontos”.
A mamã nunca se tinha visto envolvida nestas coisas pois fomos a primeira ninhada e a sua inexperiência fez com que um dos meus manos tivesse morrido logo nas primeiras 24 horas. Felizmente éramos muitos e ainda sobrámos 7 “rafêrotes”, como muitos nos chamavam e por isso achavam que não tínhamos direito à vida muito antes de mostrarmos os nossos atributos na caça e não só. O pai do João estava consciente do problema que tinha nas mãos, ou seja no canil, 7 “rafêrotes” sem LOP, nem Registo, nem Pedigree. Como é que ia arranjar donos para todos, numa sociedade consumista, em que as marcas, os topos de gama e tudo o que é caro é que é bom desde o carro, a casa, o plasma, o télélé, e até o “lulu”, quem é que iria querer os “rafêrotes”. Por vontade do João tinha ficado com a malta toda eu e os meus manos, mas o pai disse-lhe logo que isso estava fora de questão.
(CONTINUAÇÃO) O João lá teve que me escolher a mim, pois parece que eu era o mais “valentão” e como já tinha morrido um mano ele escolheu o mais forte não fosse o escolhido morrer. Agora era a parte mais difícil, tinham que arranjar um lar para o resto dos manos e de preferência de gente que tivesse condições para ter os manos “na boa”. Assim a modos que uma casa com quintal prá malta esticar as pátas. E foi assim que o pai do João durante cerca de um mês conseguiu arranjar dono para os manos, desde anúncios em lojas de caça ou na “Internet”
até à conversa directa com amigos e colegas. È claro que a maior parte não quis saber da malta pois não éramos de raça, éramos cruzados e traçados, como se isso fosse importante para andarmos com as “ventas” rente ao chão ou de “ventas” no ar à procura das perdizes, das lebres e dos coelhos o que é preciso é encontrá-las.
Eu parece que fui o que cresci mais até hoje e segundo o pai do João sou um prodígio cinegético, …gostam muito de mim eu às vezes oiço-os a gabar os meus feitos na caça, dizem que eu tenho queda para aquilo, o João diz que sou uma máquina cinegética. Os meus manos andam por aí espalhados, uma das manas morreu era a mais fraquinha e tinha problemas de saúde, mas como quem a levou também tinha levado mais dois manos, sempre ficou com a raça, … que não é raça. Houve outra mana que foi para Castelo Branco para um forista do Alvorada, nunca mais soube nada dela, …devo ter que ir a um programa da Júlia Pinheiro para ver se a encontro. Outro mano foi para uma colega do pai do João para fazer companhia ao filho da senhora, este acho que é o único que não vai ser caçador. E houve uma mana que foi para uma família de amigos do pai do João que moram em S. João dos Caldeireiros, que foram motivo de uma reportagem da RTP, que passou no dia 03/11/2010, cujo o tema era a felicidade, e pode ser vista aqui:
A minha mana já é actriz, é uma cadela que aparece nas imagens atrás de um pato, a entrar na água de um lago. Vê-se logo que também tem queda para a caça e o treino é para as aquáticas. Esta família é feliz e esses momentos de felicidade passam também pela simplicidade de dar banho a um “rafêrote”, num qualquer final de tarde, no nosso Alentejo. Nós mesmo os “rafêrotes” podemos distribuir felicidade nos lares das famílias portuguesas. O meu dono orgulha-se dos amigos que tem e costuma dizer:
“- Quando os nossos amigos são exemplos de vida é motivo mais que suficientes para nos orgulharmos deles."
À família do professor João Fernandes que acolheu a minha mana de uma forma tão nobre, pela forma com que encaram a sociedade, a vida, a natureza, os animais e toda a sua envolvência os nossos parabéns. Também a família do João e o João estão felizes por ver os meus manos com famílias que os cuidam e lhes dão aquilo que eles mais precisam, um bem-haja a todos.
3 comentários:
MEMÓRIAS DE UM "RAFÊROTE"
Chamo-me Bengi tenho 5 meses e tive a sorte de nascer na Quinta do dono dos meus pais, que agora também é meu dono ou seja é o pai do meu dono, pois quem diz que eu sou dele é o João, o filho do dono da minha mãe. Tive eu sorte e todos os meus manos pois lá não se liga a essas coisas de “pedigree”, “LOP”, “registo” e essas mariquices, lá querem-nos para sermos felizes e para irmos todos à caça. Aos coelhos, às lebres, às perdizes, para corrermos livremente pelo campo caçando com o pai do João e qualquer dia com o João ou simplesmente para lhes fazermos companhia e “desenferrujar” as patas nas nossas correrias lá pela quinta.
Eu não me apercebi muito bem, pois ainda não era nascido, mas já me contaram, parece que foi uma confusão dos diabos o namoro da minha mãe com o meu pai, parece que não era muito bem visto. A mamã é de uma classe superior, chamam-lhes “cães de parar” e o papá é assim a modos que um “cão de levante”, sem a distinção da mamã. E aqui é que estava o problema se o amor já era mal visto, imaginem a gravidez…uma pouca-vergonha, acreditem e houve quem aí para Junho tivesse pedido a nossa cabeça…num cepo, a minha e a dos meus manos. Valeu o meu dono o João e o pai dele que nunca fizeram e nem fazem isso a cão nenhum seja qual for a sua raça ou mistura. Lá no canil toda a gente é de raça é a mãe a Náná que é Braco Alemão, é o pai o Caidé, que é Podengo Português de Pêlo Liso, é o tio o Benfica que é Podengo Português de Pêlo Cerdoso, é a tia a Princesa que é uma Setter Inglesa, é um pouco snobe mas quando sai parte a corda, mas ninguém tem cá essas coisas de L.O.P., temos as vacinas e o B.I. e “prontos”.
A mamã nunca se tinha visto envolvida nestas coisas pois fomos a primeira ninhada e a sua inexperiência fez com que um dos meus manos tivesse morrido logo nas primeiras 24 horas. Felizmente éramos muitos e ainda sobrámos 7 “rafêrotes”, como muitos nos chamavam e por isso achavam que não tínhamos direito à vida muito antes de mostrarmos os nossos atributos na caça e não só. O pai do João estava consciente do problema que tinha nas mãos, ou seja no canil, 7 “rafêrotes” sem LOP, nem Registo, nem Pedigree. Como é que ia arranjar donos para todos, numa sociedade consumista, em que as marcas, os topos de gama e tudo o que é caro é que é bom desde o carro, a casa, o plasma, o télélé, e até o “lulu”, quem é que iria querer os “rafêrotes”. Por vontade do João tinha ficado com a malta toda eu e os meus manos, mas o pai disse-lhe logo que isso estava fora de questão.
(CONTINUAÇÃO)
O João lá teve que me escolher a mim, pois parece que eu era o mais “valentão” e como já tinha morrido um mano ele escolheu o mais forte não fosse o escolhido morrer. Agora era a parte mais difícil, tinham que arranjar um lar para o resto dos manos e de preferência de gente que tivesse condições para ter os manos “na boa”. Assim a modos que uma casa com quintal prá malta esticar as pátas. E foi assim que o pai do João durante cerca de um mês conseguiu arranjar dono para os manos, desde anúncios em lojas de caça ou na “Internet”
http://www.alvorada-pt.com/forum/viewtopic.php?t=11262&start=0&postdays=0&postorder=asc&highlight=
até à conversa directa com amigos e colegas. È claro que a maior parte não quis saber da malta pois não éramos de raça, éramos cruzados e traçados, como se isso fosse importante para andarmos com as “ventas” rente ao chão ou de “ventas” no ar à procura das perdizes, das lebres e dos coelhos o que é preciso é encontrá-las.
Eu parece que fui o que cresci mais até hoje e segundo o pai do João sou um prodígio cinegético, …gostam muito de mim eu às vezes oiço-os a gabar os meus feitos na caça, dizem que eu tenho queda para aquilo, o João diz que sou uma máquina cinegética.
Os meus manos andam por aí espalhados, uma das manas morreu era a mais fraquinha e tinha problemas de saúde, mas como quem a levou também tinha levado mais dois manos, sempre ficou com a raça, … que não é raça. Houve outra mana que foi para Castelo Branco para um forista do Alvorada, nunca mais soube nada dela, …devo ter que ir a um programa da Júlia Pinheiro para ver se a encontro. Outro mano foi para uma colega do pai do João para fazer companhia ao filho da senhora, este acho que é o único que não vai ser caçador. E houve uma mana que foi para uma família de amigos do pai do João que moram em S. João dos Caldeireiros, que foram motivo de uma reportagem da RTP, que passou no dia 03/11/2010, cujo o tema era a felicidade, e pode ser vista aqui:
http://tv1.rtp.pt/programas-rtp/index.php?p_id=25508&e_id=35&c_id=1&dif=tv&hora=21:00&dia=03-11-2010
A minha mana já é actriz, é uma cadela que aparece nas imagens atrás de um pato, a entrar na água de um lago. Vê-se logo que também tem queda para a caça e o treino é para as aquáticas. Esta família é feliz e esses momentos de felicidade passam também pela simplicidade de dar banho a um “rafêrote”, num qualquer final de tarde, no nosso Alentejo. Nós mesmo os “rafêrotes” podemos distribuir felicidade nos lares das famílias portuguesas. O meu dono orgulha-se dos amigos que tem e costuma dizer:
“- Quando os nossos amigos são exemplos de vida é motivo mais que suficientes para nos orgulharmos deles."
À família do professor João Fernandes que acolheu a minha mana de uma forma tão nobre, pela forma com que encaram a sociedade, a vida, a natureza, os animais e toda a sua envolvência os nossos parabéns. Também a família do João e o João estão felizes por ver os meus manos com famílias que os cuidam e lhes dão aquilo que eles mais precisam, um bem-haja a todos.
Abraço e boas caçadas
BENJI
Publica! Temos saudades da tua inteligência. Jr
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